A passagem da água da
Transposição do Rio São
Francisco para o açude Epitácio
Pessoa, na cidade de
Boqueirão, será paralisada
por até quatro meses. Este
prazo é o tempo estimado
para que as obras programadas
para os açudes de
Poções e Camalaú sejam
concluídas. Os órgãos envolvidos
na decisão divergem
em opiniões.
A data para a interrupção
do bombeamento será
decidida hoje em reunião
marcada para acontecer na
sede do Ministério Público
Federal (MPF), de onde
partiu a recomendação. Um
cronograma das empresas
deverá ser apresentado para
marcar esta data.
Neste encontro, o presidente
da Agência Executiva
de Gestão das Águas da Paraíba
(Aesa), João Fernandes,
disse que buscará por motivos para a decisão. Ele
afirmou que não entende a
razão da escolha deste período.
“Não sei nem mesmo se
eles têm plano de execução
da obra, por isso, estou indo
para ouvir a fundamentação
técnica deles. O período
chuvoso no Cariri coincide
com o Outono que começa
dia 20 e vai até maio. Estão
querendo realizar a obra no
momento que mais chove,
alguém faria uma construção
no período chuvoso? A
previsão é de muita chuva”,
explicou João Fernandes.
Ele ainda questionou o
motivo para que a obra não tenha sido feita antes. De
acordo com o presidente da
Aesa, seria necessário apenas
colocar os dois conjuntos
de quatro bombas que
estão esperando para serem
usadas.
“O Governo do Estado se
dispôs a pagar a energia, então
o trabalho deles seria levar
as bombas para o local e
fazer a adaptação. Não queríamos
parar a transposição
então que se colocasse uma
bomba sifão para puxar por
cima, isso teria resolvido o
assunto”, acrescentou.
João ainda lembrou que os
ribeirinhos que estão nas
13 cidades antes do açude
de Boqueirão deverão ficar
sem abastecimento. Eles
têm a concessão para retirada
de água para irrigação de
até meio hectare.
“Para estas outras cidades,
vão acontecer problemas.
Os ribeirinhos que pegam
água pelo caminho da
Transposição ficarão sem
água para suas plantações. Quero ver como resolverão
isso”, alertou.
A responsável por esta
concessão é a Agência Nacional
das Águas (ANA),
que foi procurada pela reportagem,
mas até o fechamento desta matéria não
encaminhou respostas.
A suspensão da Transposição
não irá modificar
os planos de abertura das
comportas do Epitácio Pessoa
para o açude de Acauã.
Segundo o coordenador do
Dnocs (Departamento Nacional
de Obras Contra as
Secas) na Paraíba, Alberto
Gomes, as duas ocorrências
estão dentro do planejamento
traçado pelo órgão.
“Após estes quatro meses
de suspensão da Transposição
e com as comportas
abertas, se não chover, Boqueirão
ainda fi cará com 38
milhões de metros cúbicos.
Tudo foi planejado para que
tivéssemos um volume de
segurança”, assegurou Alberto
Gomes. Jornal Correio